Há pessoas que vivem naquilo a que arrisco chamar de superficialidade. Pessoas que não sentem qualquer necessidade de canalizar emoções, de as filtrar, entender, viver, reviver ou reinventar. Pessoas que conseguem viver sem música, livros, poesia, dança, paisagens, conversas intensas, nós na garganta ou suspiros. Essas pessoas comem, dormem, trabalham, têm filhos, sogras e genros, eventualmente apaixonam-se e são até felizes. No entanto, se tentamos ver um pouco mais para além do que está à tona, descobrimos que não há absolutamente nada de interessante. Que os desejos foram moldados, as ambições são lugares comuns e os passatempos são clichês. Todos os dias me cruzo com pessoas assim e me interrogo sobre o porquê dessa falta de sensibilidade. Não precisamos todos de ser artistas ou incompreendidos, o mundo tem sofredores e sôfregos de sobra. Mas nada me entedia mais do que a pessoa que não tem a capacidade de parar e... sentir.
quarta-feira, abril 28, 2010
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8 comentários:
entendo perfeitamente o teu post.. e tenho nado isso mais e mais a cada dia que passa..
toda a gente usa as mesmas coisas com os mesmos fins, ou quase.
e ainda me choca mais o facto das pessoas se sentirem felizes e quererem transmitir essa felicidade..
isto é.. sabes quando uma pessoa faz um reparo de algo que para ti é normal, mas para ela é fenomenal? que o mundo é muito fixe? que é tudo tão bom assim? até o mais óbvio é engraçado e faz essa pessoa sentir-se bem?
dispenso esse tipo de pessoas.. odeio a felicidade delas, não por ter inveja, mas porque dispenso a sua embriaguez de felicidade que a mim pouco me diz.
(devo também dizer que me chateia quase tanto aquelas pessoas que "ai, a minha vida é uma m****, porque ... e porque ... e ... e devido a ... ... coitadinho/a de mim!"
a mim também incomoda. Eu olho e penso: Pôxa não aproveitam o melhor da vida...
Também já os vi, mas prefiro acreditar que não está À vista em vez de não os terem.
"Pessoas que conseguem viver sem música, livros, poesia, dança, p...".
Estas pessoas não estão vivas! O coração, simplesmente, bate.
Toda a gente sente. E não é por não se ter exuberantes explosões emocionais que se sente menos... Pequenos fogos à superfície podem ser vulcões por dentro.
Nós vemos sempre a vida pelos nossos olhos, por muito altruístas ou empáticos que sejamos. E medimos os outros de acordo com as nossas medidas.
Mas lá que há gente que é uma seca, lá isso...
NC, leste o post com olhar demasiado crítico e não chegaste onde eu queria chegar :-)
O que escreveste é o que eu ando a bradar aos céus há muito tempo. Não falei em explosões emocionais exuberantes, falei da capacidade de revelar as emoções, de as partilhar. E, para isso, é preciso encontrar uma forma, qualquer que seja ela, de o fazer.
há quem não viva. sobreviva.e já agora..what's the point of sharing emotions ?
Cat, what's the point of not sharing them?
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