segunda-feira, junho 21, 2010

Mudar

Mudar é bestial, nem que seja só um mero corte de cabelo ou uma rádio nova ao despertar. Mas mudar é também algo que nos suga as energias, que nos deixa mais sensíveis, que nos consome tempo e paciência. As minhas últimas semanas foram isto: de mala "às costas", a saltar de Bruxelas para o Porto e do Porto para Lisboa. Uma vez em Lisboa, foi o hotel e depois a casa dos amigos. Finalmente encontrada a casa onde estou, foi altura de a tornar habitável.
Ainda não sinto que viva em Lisboa, pois a minha vida tem-se resumido ao mesmo trajecto diário de metro para ir e voltar de trabalhar. Parece que o mês passou e ainda não conheci nada, não senti nada. Da mesma forma no trabalho, é como se fosse outra pessoa a trabalhar por mim, como se não fosse eu sentada naquela cadeira, em frente à secretária que foi atribuída à Bárbara. Torna-se complicado acabar algo que se começa, quando a cabeça teima em deambular por outras paragens. Fica-se menos disposto a enfrentar contrariedades, mais dado a dizer "fica para amanhã".
Nestas alturas, vem também a saudade do que de bom se deixou para trás. Pese embora a minha garganta já se tenha queixado aqui (originando a 10ª amigdalite), não deixo de dar o braço a torcer e concordar que me sinto muito mais forte num país com este clima. Isto não invalida, no entanto, que não salte uma lágrima quando os amigos que lá deixei me telefonam e pedem para voltar lá rápido.
Talvez seja uma fase ou, por outro lado, talvez seja uma das poucas constantes da vida - a insatisfação - a bater à porta e sussurrar-me ao ouvido que só me vou sentir completa quando admitir que nunca o serei na realidade.

1 comentário:

Fuschia disse...

Sempre que mudo de trabalho, levo uns tempos que parece que nem no computador sei mexer. É me tudo estranho e sinto-me distante. Mas isso passa.