Este estudo, tal como esta época (Dia Dos Namorados - seja lá o que isso for), deu origem a uma enxurrada de pensamentos e recordações que invadiram a minha cabeça.
A última vez que comemorei este dia, foi também a única. Frequentava ainda o Colégio de freiras (misto - valha-me isso!) e recebi do Pedro um lápis com um coração pendurado no topo do mesmo, dizendo "Hugs and Kisses". Acho que ainda tenho o objecto em casa, intacto, e com o plástico protector em volta do coração. Lembro-me também que anos depois, o mesmo Pedro, partiu-me o coração (o do meu peito, não o do lápis) ao se ter apaixonado pela Diana. Mas, como grande parte dos homens (desde pequeninos) tão bem sabe fazer, teve a capacidade de me manter interessada, ao enviar-me um papel, com um coração desenhado e partido ao meio, ilustrado da seguinte forma: 50% Bárbara, 50% Diana. Não fosse eu passar a achar piada ao Ricardo ou ao Gonçalo, o Pedro soube bem como fechar a porta… sem a trancar.
Depois deste momento de romantismo na minha infância, passei a encarar o romance de uma forma totalmente diferente. Não sei se se trata de uma característica da minha personalidade ou se foi o resultado de uma série de experiências que fui tendo ao longo da vida (ou ambos), mas a realidade é que aquilo que agrada a tantas mulheres é, para mim, fonte de irritação. Passo a explicar:
Espero que o homem me abra a porta para me dar passagem (coisa que os belgas não têm por hábito fazer), mas incomoda-me quando vão ao ponto de abrirem a porta do carro, esperarem que eu me sente e depois a fecharem (sim, tem piada se acontecer uma ou outra vez, mas não sistematicamente).
Relativamente a espaços públicos, aprecio um abraço ou beijo espontâneo, um momento de cumplicidade; mas causa-me urticária andar sempre de mão dada ou sentir sempre a mãozinha dele nas minhas costas, como se eu precisasse de ser amparada, de tão frágil que sou.
Não me incomoda o facto de ele decidir pagar a conta do jantar (às vezes até dá jeito!), desde que, na próxima, seja eu a pagar.
Acho extrema piada a um homem que se coloque do lado da estrada, quando caminhamos pelo passeio.
Dou muita importância ao homem que espera que eu seja servida, para começar também a sua refeição; mas chateia-me o facto de ser ele a cheirar e provar o vinho, para decidir se serve ou não.
Gosto de declarações de amor arrebatadoras, mas não fico incomodada por serem via e-mail ou telemóvel.
Enerva-me que o nosso momento seja constantemente interrompido por chamadas ou mensagens de telemóvel, de forma que espero que ele faça o mesmo que eu, guardando o telemóvel num local onde não seja detectado.
Sinto-me romântica ao receber flores, tal como ao oferecer.
Não sonho com serenatas em frente à minha varanda, mas espero ser surpreendida.
Acho concertos ao ar livre (no Verão, já agora), um dos cenários mais românticos.
Poucas coisas batem uma conversa interessante e inteligente, acompanhada de um bom vinho e com muitos olhares eróticos e provocantes à mistura, no que toca a keep me on my feet happily excited.
Moral da história: não preciso de poesia, desde que a prosa seja arrebatadora.
4 comentários:
Já sabes que, da minha parte, vais sempre andar do lado de dentro do passeio! :-)
como te compreendo!!!
Uau que inspiração! :) Lindo o texto!
Bjs
desde que não seja a cantiga do bandido, venha a prosa de boa qualidade.
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