Why not?

É impressionante o que podemos fazer por nós próprios, com o simples acto de contrariar a rotina, arriscando a mudar em pequenas coisas que nos parecem irrelevantes.

Por exemplo:

• o facto de me sentar do lado esquerdo do comboio em vez do lado direito (onde me sento habitualmente, dado que é por esse lado que devo sair, conseguindo, dessa forma, ver melhor o nome da paragem) permite-me uma perspectiva completamente diferente do cenário que me rodeia. Acabo por reparar em casas novas, grafitis diferentes...;
• o arriscar um caminho diferente para casa, nem que a volta seja maior, dá-me a oportunidade de descobrir aquela livraria na qual nunca tinha reparado, o sapateiro que andei à procura, uma 5àsec mesmo ao lado de casa (como eu procurei!), uma loja de produtos naturais...;
• comprar um pão diferente do que habitualmente compro e reparar que é muito melhor! (por que raio pedia eu sempre uma baguete "multicereal"?)
• sorrir para o lixeiro que anda todos os dias, às 7:30 da matina, com um ar tão infeliz, a limpar a rua onde vivo... e reparar que afinal ele também sorri...;
• olhar nos olhos a pessoa que se senta no metro, no banco em frente ao meu, seja qual for o sexo, idade ou raça e divertir-me com o "incómodo" que um olhar mais prolongado provoca nas pessoas;
• comprar um vaso de flores lá para casa, nem que seja para deitar fora passado uma semana, só pelo prazer de chegar a casa e ver algo diferente na mesa;
• trocar as voltas ao Lukas e mudar a disposição das plantas no aquário e rir-me sozinha com o facto de ele estranhar a mudança;

Sempre disse e continuarei a dizer que grande parte do prazer que retiramos da vida depende da nossa criatividade e audácia. Não é precisa muita coragem para mudarmos o trajecto que fazemos todos os dias ou para comprarmos um pão diferente. Mas é preciso disponibilidade e criatividade para transformar gestos mecânicos em surpresas. Sejam estas boas ou más.