Performance de rua

No túnel que liga o metro ao comboio, na estação Central de Bruxelas, tenho assistido ao aumento da concorrência num mercado com cada vez mais participantes: os mendigos e pedintes que partilham as suas capacidades artísticas com o público, a troco do que os apressados "homens de negócios" achem por bem dar.

A passo rápido, o túnel percorre-se em 2 minutos. Nestes 2 minutos tenho assistido a 5 diferentes performances:

• O rapaz com idade abaixo dos 20 que constroi cinzeiros a partir de latas de refrigerante;
• O romeno que toca acordeão;
• A violinista com olhar deprimido (a que tem mais saída);
• A tolinha de dentes projectados para fora que simplesmente se coloca em pose de cantora lírica e canta La Vie en Rose (nunca lhe ouvi outra música);
• O par de guitarristas, estilo Nirvana;

Fora aquele ponto do túnel em que o La Vie en Rose da tolinha se mistura com as notas da violinista ou as notas desta se confundem com os gemidos dos guitarristas, não deixa de ser um "passeio" agradável. E o ponto comum entre todos é algo que me deixa sempre um sorriso no pensamento: o cão que os acompanha. Surpresa ou não, o cão incorpora as emoções e estado de espírito do dono, pelo que o cão da violinista está sempre deitado com um olhar distante e uma manta no dorso; o cão da tolinha é um nervoso que mal se senta; o cão dos guitarristas parece tudo menos afável...

Vou estudar com atenção as atitudes e o comportamento do meu peixe... pode ser que isso me diga algo sobre mim.